quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Por que algumas pessoas são vegetarianas

Por que algumas pessoas são vegetarianas



A competição para produzir carne, ovos e derivados de leite baratos tem levado o "agribusiness" a tratar os animais como objetos e mercadorias. A tendência mundial é a de substituir fazendas familiares pelas "fazendas-fábricas": galpões onde os animais são mantidos em currais abarrotados ou cocheiras estreitas. Um grande número de bois de corte, vacas leiteiras, leitões, galinhas e perus são criados nessas condições.

O que é Carne?














A faca desce macia, cortando sem esforço o pedaço de picanha. Dourada e crocante nas bordas, tenra e úmida no centro. Você põe a carne na boca e mastiga devagar, sentindo o tempero, a maciez, a temperatura. O sumo que escorre dela enche a boca e, com ele, o sabor incomparável. Carne é bom.



Mas que tal assistir a mesma cena sob outra perspectiva? No prato jaz um pedaço de músculo, amputado da região pélvica de um animal bem maior que você. Com a faca, você serra os feixes musculares. A seguir, coloca o tecido morto na boca e começa a dilacerá-lo com os dentes. As fibras musculares, células compridas de até 4 centímetros e resistentes, são picadas em pedaços. Na sua boca, a água (que ocupa até 75% da célula) se espalha, carregando organelas celulares e todas as vitaminas, os minerais e a abundante gordura que tornavam o musculo capaz de realizar suas funções, inclusive a de se contrair. Sim, meu caro, por mais que você odeie pensar que a comida no seu prato tenha sido um animal um dia, você está comendo um cadáver.

Carne e tecido animal, em geral muscular. As fibras que a compõe são feixes de celulas musculares, enroladas umas nas outras. Em volta delas há uma cobertura de gordura, cuja função é lubrificar o musculo e permitir que ele relaxe e se contraia suavemente. Ou seja, não há carne sem gordura.



A diferença entre carne branca e vermelha é a quantidade de ferro no tecido o mesmo mineral que da cor ao sangue. As celulas de animais grandes, como o boi, são ricas de uma molecula chamada mioglobina, que contém ferro. Peixes e galinhas, por terem o corpo menor, não precisam de reservas tão grandes de nutrientes nas celulas e, por isso, tem menos mioglobina. Animais mais velhos tem carne mais vermelha isso explica a brancura do frango industrializado, abatido antes dos dois meses, se comparado a galinha caipira. Essa última tem mais tempo para acumular mioglobina nas células.


Números, Números e Números

Há no mundo 1,35 bilhão de bois e vacas. Criamos 930 milhões de porcos, 1,7 bilhão de ovelhas e cabras, 1,4 bilhão de patos, gansos e perus, 170 milhões de búfalos. Some todos eles e temos uma população de animais quase equivalente a humana dedicando sua vida a nos alimentar involuntariamente, é claro. E isso porque ainda não incluimos na conta a população de frangos e galinhas abastecendo a Terra de ovos e carne branca: 14,85 bilhões. Só no Brasil há 172 milhões de cabeças de gado bovino uma para cada cabeça humana. Nosso rebanho bovino só é menor que o da Índia, onde é proibido matar vacas. Na média, um brasileiro come perto de 40 quilos de carne bovina por ano ou seja, uma familia de cinco pessoas devora uma vaca em 12 meses. Somos o quarto pais do mundo onde mais se come carne bovina . Um brasileiro médio come também 32 quilos de frango e 11 quilos de porco todo ano.

Como Vivem E Morrem - Os Animais?

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                          BOI



No Brasil, os bois são criados soltos. Provavelmente, essa forma de criação é menos terrível que a de paises frios do Cone Sul e da Europa, onde os invernos matam o pasto e fazem com que os animais fiquem fechados em áreas apertadas, comendo só ração. Isso não quer dizer que seja o melhor dos mundos. Os animais muitas vezes passam fome, vivem cheios de parasitas e apanham copiosamente. O manejo no Brasil e muito bruto, diz o etologo Matéus Paranhos da Costa, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Jaboticabal, especialista no assunto.



Não existe aqui no Brasil a produção de vitela carne muito branca e macia de bezerros mantidos em jaulas superapertadas para evitar que se movimentem. Para acentuar a brancura da carne, os criadores não permitem que o bezerro coma grama ou grãos, só leite, a dieta tem que ser pobre em ferro e em outros nutrientes, forçando uma anemia no animal. Com isso, torna-se necessario o consumo de antibioticos, para diminuir o risco de infecções do animal desnutrido. A vitela deveria ser proibida no mundo inteiro, afirma o agrônomo e etólogo Luiz Carlos Pinheiro Machado Filho, especialista em técnicas de manejo da Universidade Federal de Santa Catarina.



Para matar um boi, primeiro se dá um disparo na testa com uma pistola de ar comprimido. O tiro deixa o animal desacordado por alguns minutos. Ele então é erguido por uma argola na pata traseira e outro funcionário corta sua garganta. O animal tem que ser sangrado vivo, para que o sangue seja bombeado para fora do corpo, evitando a proliferação de microorganismos, diz Ari Ajzenstein, fiscal do Serviço de Inspeção Federal (SIF), que zela para que as regras de higiene e de bons tratos no abaté sejam cumpridas.



O abaté a marretadas está proibido no país, o que não quer dizer que não aconteça já que quase 50% dos abatés são clandestinos e, portanto, sem fiscalização. O problema da marretada é que não e fácil acertar o boi com o primeiro golpe. Muitas vezes, são necessários dezenas para desacordá-lo.



                                                                     GALINHAS



Essas quase sempre levam uma vida miserável. Vivem espremidas numa gaiola do tamanho delas. As luzes ficam acesas até 18 horas por dia assim elas não dormem e comem mais (isso acontece principalmente com as que produzem ovos). Seus bicos são cortados para que não matém umas as outras e para evitar que elas escolham que parte da ração querem comer caso contrário, ciscariam apenas os grãos de seu agrado e deixariam de lado alimentos que servem para que engordem rápido.



A morte e rápida. As galinhas ficam presas numa esteira rolante que passa sob um eletrodo. O choque desacorda a ave e, em seguida, uma lâmina corta seu pescoço. O esquema é industrial. Hoje, nos Estados Unidos, são abatidas, em um dia, tantas aves quanto a industria levava um ano para matar em 1930. Nas granjas de ovos, pintinhos machos são sacrificados numa especie de liquidificador gigante. Parece horrível, mas é a mais indolor das mortes descritas aqui.





                                           PORCOS


Outros azarados. Não tem espaço nem para deitar confortavelmente. São confinados do nascimento ao abate, diz Pinheiro Filho. As gestantes são forçadas a parir atadas a uma fivela, apertadas na baia. O abate é parecido com o de bovinos, com a diferença que o atordoamento é feito com um choque elétrico na cabeça e que o animal é jogado num tanque de água fervendo após o sangramento, para facilitar a retirada da pele. Gail Eisnitz afirma, em seu livro, que muitos porcos caem na água fervendo ainda vivos, mas isso provavelmente é incomum.





PATOS E GANSOS




Os mais infelizes dos nossos alimentos provavelmente são os gansos e patos da França. O foie gras, um patê tradicional e sofisticado, é feito com o fígado inflamado das aves. Os produtores colocam um funil na boca delas e as entopem de comida por meses, fazendo com que o figado trabalhe dobrado. Isso provoca uma inflamação e faz com que o órgão fique imenso, cheio de gordura. Ou seja, o patê, na prática, é uma doença. Há movimentos pedindo o banimento do produto. Não se produz foie gras no Brasil.

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